quinta-feira, outubro 16, 2008

DISPONIBILIDADE

Hoje quando desci do metrô, fui ler o papel afixado na parede com os horários dos circulares, porem descobri que o que passa mais próximo da minha casa só partiria daí 20 minutos. E eu, tenho a mania de tentar tornar o meu tempo sempre muito “produtivo”, então pensei na possibilidade de ligar para minha casa e ver se tinha alguém disponível para ir me buscar na estação, assim chegaria mais rápido para poder render meu restinho de noite. Entretanto analisei a situação, hábito que adotei a pouco, e percebi que se esperasse o ônibus, poderia pensar em algumas coisas que aconteceram no meu dia e começar a “digeri-las melhor”.

Em pé, esperando a partida do circular, ouvi um “oi”, tão pequenino, quase imperceptível e desacreditando que fosse para mim, olhei em direção de onde me parecia vir esse tão introspectivo cumprimento e logo veio ao meu pensamento, “qual o nome dele mesmo?”, foi quando me saltaram à boca, “olá moço sumido, como vai?”, e começamos uma conversa interessada em colocar as novidades “em dia”, ele começou a me contar o seu dia a dia cansativo de muito estudo e trabalho, eu também falei do que estava ocupando os meus dias, após longa conversa e tantas novidades, fiz minha pergunta típica “mas então, você está feliz?”, foi quando o percebi um pouco embaraçado e irresoluto na formatação da resposta, mas ainda sim, ele me falou o que lhe entristecia no momento, o que abriu outra sessão de assuntos.

Os nossos ônibus estavam preparados para sair, foi quando nos despedimos e a cada um foi para o seu destino. Analisei, mais uma vez, a situação e notei o quanto a minha espera tinha sido produtiva e da possibilidade desse rapaz ter desabafado um pouco do que não o tornava completamente alegre e que minha disponibilidade de tempo de alguma forma interferiu no dia dele.

Contudo, tiro para mim e divido com vocês uma lição sobre o ato de se estar disponível. Ver que em pequenas situações que podem passar despercebidas, como alguém puxando conversa conosco no ponto ou no próprio ônibus, assuntos como “o tempo ta tão esquisito, né?!” e outros tantos, podem ser diferentes, se nós pensarmos em estar disponível para as pessoas e puder dizer algo de bom a elas.

Não pensar no atraso, no cansaço ou no calor, mas ter em mente que a qualquer momento alguém pode se aproximar de você e que dependendo de sua disponibilidade, você pode intervir em um mundo solitário de alguém com pouquíssima atenção no meio onde vive. Ou pelo menos lhe responda com carinho e lhe deixe claro que a continuação do assunto não lhe interessa naquele momento.

No mais, sermos disponíveis é um exercício possível, porém difícil, mas que mudará primeiramente a sua vida, e pense que isso é um ato multiplicador.desafie-se hoje e trabalhe sua disponibilidade.
LORENE RIBEIRO

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